As taxas dos contratos futuros de juros no Brasil continuaram a subir nesta terça-feira, influenciadas pela abertura da curva de rendimentos nos Estados Unidos, onde a economia demonstra resiliência, enquanto China e a zona do euro enfrentam desafios decepcionantes.
Os rendimentos dos Treasuries dos EUA registraram ganhos ao longo da sessão, impactando positivamente as curvas de juros nos mercados emergentes, conforme destacou Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank.
O impulso por trás desse movimento é a percepção de que a economia dos EUA continua robusta, juntamente com a preocupação em relação ao déficit fiscal norte-americano.
"Além disso, estamos testemunhando um crescimento desapontador na China e na zona do euro. Algumas casas de pesquisa estão revisando para baixo as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) da China, com algumas prevendo taxas de crescimento abaixo de 4%. Isso afeta os países emergentes e amplia a diferença em relação aos EUA, que têm demonstrado um crescimento sólido", explicou Garcia. "Esses fatores contribuem para a valorização do dólar."
Na manhã, os mercados reagiram a novos dados econômicos desanimadores da China, um dos maiores importadores de commodities do mundo. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) de serviços do Caixin/S&P Global caiu para 51,8 em agosto, o nível mais baixo desde dezembro, em comparação com os 54,1 de julho.
Além disso, os PMIs da zona do euro mostraram uma contração mais acentuada do que o esperado em agosto. O Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto final do HCOB, compilado pela S&P Global, caiu para 46,7 em agosto, em comparação com 48,6 em julho.
No Brasil, o recente aumento das taxas de juros futuros também está relacionado aos últimos indicadores econômicos, como o Produto Interno Bruto do segundo trimestre, que surpreendeu positivamente na semana passada. Desde então, surgiu a percepção de que o Banco Central (BC) pode reduzir o ritmo de cortes na taxa básica Selic. Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano.
Perto do fechamento desta terça-feira, a curva a termo precificava apenas 1% de chances de um corte na Selic em setembro de 0,75 ponto percentual, enquanto as chances de um corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 99%. Na segunda-feira, esses percentuais eram de 4% e 96%, respectivamente.
Para as reuniões subsequentes do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, a precificação majoritária também é de cortes de meio ponto percentual, em conformidade com as comunicações mais recentes do colegiado.
Durante um evento promovido pelo grupo Julius Baer na manhã desta terça-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçou que o mundo inteiro está atento ao cenário fiscal e seus impactos na política monetária, elevando o "patamar" até mesmo para o Brasil.
No final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,39%, frente a 12,376% do fechamento anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,635%, ante 10,601% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,29%, frente a 10,21%.
Entre os contratos de prazo mais longo, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,5%, ante 10,378%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,785%, em comparação com 10,651%.
No mercado internacional, os rendimentos dos Treasuries continuavam a subir, com o rendimento do Treasury de dez anos, referência global para decisões de investimento, subindo 8,70 pontos-base, para 4,2597%, às 16:41 (horário de Brasília).
Fonte: Reuters