A bolsa paulista mantinha um viés bastante negativo nesta quinta-feira, reagindo à proposta do governo eleito de tirar do teto de gastos 175 bilhões de reais para o Bolsa FamÃlia a partir de 2023, entre outras sugestões presentes na chamada PEC da Transição.
Às 11:55, o Ibovespa caÃa 2,05%, a 107.982,57 pontos. O volume financeiro somava 10,7 bilhões de reais, em sessão também marcada por ajustes em véspera de vencimento de contratos de opções sobre ações na B3 (BVMF:B3SA3).
O texto apresentado pela equipe de transição a parlamentares na quarta-feira propõe "excepcionalizar" do teto de gastos 175 bilhões de reais para o pagamento do Bolsa FamÃlia a partir de 2023 no valor de 600 reais, com adicional de 150 reais por criança, sem um prazo determinado.
O texto inclui ainda uma autorização para que parte de receitas extraordinárias fique fora do teto e possa ser redirecionada para investimentos, em um limite de 23 bilhões de reais, entre outras possibilidades.
"A PEC veio no pior dos prognósticos", afirmou a equipe da Tullet Prebon Brasil. "Apesar de o Congresso provavelmente moldar a PEC, a primeira sinalização foi ruim", acrescentou em relatório a clientes nesta manhã.
Na véspera, o pregão brasileiro já havia refletido preocupações com o texto, divulgado após o fechamento. O Ibovespa encerrou a sessão de quarta-feira em queda de 2,58%.
A equipe do Safra afirmou que é importante ver como o legislativo vai se comportar sobre o tema, inclusive nessa questão de prazo, mas eles não veem hoje o Banco Central mudando discurso e subindo juros em função desses gastos, uma vez que o patamar atual já é muito elevado.
"Nesse sentido, o que poderia trazer sim alguma pressão inflacionista, e com isso uma reação diferente do Banco Central, é um dólar mais forte por um prazo mas longo, mas ainda é cedo para tirar conclusões a respeito", afirmaram em nota a clientes.
Em meio ao estresse com a PEC, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que está em viagem ao Egito, voltou a criticar nesta quinta-feira a regra do teto de gastos e desdenhou das reações do mercado financeiro a suas falas, endossando o viés negativo no pregão.
O cenário externo corroborava as vendas na bolsa brasileira, com Wall Street no vermelho em meio a sinais divergentes sobre a economia norte-americana e comentários 'hawkish' de autoridade do Federal Reserve, enquanto o petróleo também tinha mais uma sessão negativa.
Fonte: Investing (Paula Arend Laier)