As bolsas europeias abriram no vermelho, num dia em que os mercados financeiros foram surpreendidos com a decisão do Banco do Japão de alargar o intervalo de negociação dos rendimentos dos títulos a dez anos em 50 pontos base.
O Stoxx 600, referência para a região, perde 0,40% para 424,17 pontos. Dos 20 setores que compõem o índice, o automóvel e imobiliário são os que mais recuam, 2,69% e 1,32%, respetivamente.
Nas praças europeias, o alemão Dax desvaloriza 0,37%, o francês CAC-40 recua 0,64%, o espanhol Ibex cede 0,02% e o Aex, em Amesterdão, desliza 0,35%. Já o britânico FTSE 100 perde 0,24% e o italiano FTSE Mib recua 0,62%.
A política monetária mais agressiva, aliada à guerra na Ucrânia e a uma elevada inflação são alguns dos principais desafios que o mercado acionista tem enfrentado ao longo deste ano, estando o Stoxx 600 a caminho de registar a maior queda anual desde 2018.
"A questão é que os bancos centrais continuam com um tom muito, muito 'hawkish' e as decisões que estão a tomar têm surpreendido os investidores", disse Mehvish Ayub, da State Street Global Advisors, em declarações à Bloomberg.
Juros agravam-se na Zona Euro
Os juros das dívidas soberanas na Zona Euro seguem a agravar-se, seguindo a tendência da semana passada, após um novo aumento das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu.
A "yield" das Bunds alemãs com maturidade a dez anos - referência para a região - agrava-se 5,6 pontos base para 2,252%, enquanto os juros da dívida pública italiana somam 5,5 pontos base para 4,413%.
Os juros da dívida francesa aumentam 7,5 pontos base para 2,789%, enquanto os juros da dívida espanhola crescem 7,4 pontos base para 3,351%. Já os juros da dívida portuguesa avançam 7 pontos base para 3,277%.
Fora da Zona Euro, os juros da dívida britânica aumentam 8,5 pontos base para 3,574%.
Ouro avança e dólar cede após decisão do Banco do Japão
O ouro segue a valorizar, beneficiando de um dólar mais fraco após a decisão do Banco do Japão de alargar o intervalo de negociação dos rendimentos dos títulos a dez anos.
O metal amarelo soma 0,94% para os 1.804,47 dólares por onça, ao passo que a platina sobe 1,42% para 998,34 dólares e o paládio avança 1,82% para 1.705,50 dólares. Já a prata cresce 2,87% para 23,65 dólares.
No mercado cambial, o euro segue a valorizar face ao dólar. A moeda única soma 0,21% para 1,0620 dólares.
Já o índice do dólar da Bloomberg - que compara a força da nota verde contra dez divisas rivais - cede 0,71% para os 104.788 pontos. O iene viu força renovada na decisão da autoridade monetária do Japão, tendo valorizado face a todas as dez moedas rivais.
Ao alargar o intervalo de negociação, o Banco do Japão visa, segundo um documento citado pela Bloomberg, melhorar o funcionamento do mercado e "estimular a formação de uma curva de rendimentos mais ágil, mantendo condições financeiras adaptáveis".
Petróleo e gás natural seguem a perder
Há vários fatores prontos a entrar em ação que poderão manter as cotações do “ouro negro” em alta.
O petróleo segue a desvalorizar ligeiramente, mantendo-se a negociar na linha dos 70 dólares por barril. Isto numa altura em que os investidores equacionam um possível pico na procura devido ao fim das restrições para combater a covid-19 na China, ao mesmo tempo que digerem as preocupações quanto a um abrandamento da economia a nível global.
O West Texas Intermediate (WTI) - negociado em Nova Iorque - perde 0,47% para 74,84 dólares enquanto o Brent do Mar do Norte – referência para as importações europeias – perde 0,91% para 79,07 euros.
Já no mercado do gás natural, os preços seguem a cair, pressionados pelo aumento de temperatura em algumas regiões, o que levou a uma redução da procura. Os contratos do gás a um mês negociados em Amesterdão, o TTF, descem 6,4% para os 101,560 euros por megawatt-hora.
Europa aponta para o vermelho. Ásia fecha com perdas
A Europa aponta para um arranque de sessão em terreno negativo, com os futuros do Euro Stoxx 50 a cederem 0,9%.
Na Ásia, a sessão fechou no vemelho, um dia após os investidores terem recuperado o otimismo perante o compromisso da China de impulsionar a economia do país em 2023. A pressionar os índices asiáticos esta terça-feira está a decisão do Banco do Japão que, apesar de ter mantido as taxas de juro de referência inalteradas, alargou o intervalo de negociação dos rendimentos dos títulos a dez anos.
Pela China, Xangai deslizou 1,07% e em Hong Kong o Hang Seng caiu 1,68%. No Japão, o Topix perdeu 1,54% enquanto o "benchmark" do país, Nikkei, caiu 2,46%.Pela Coreia do Sul, o Kospi derrapou 0,80%.
A decisão da autoridade monetária do Japão junta-se ao tom "hawkish", ou seja, mais duro, de outros bancos centrais. Tanto a Reserva Federal norte-americana como o Banco Central Europeu anunciaram na passada semana uma nova subida das taxas de juro e sinalizaram que este aumento não ficará por aqui.
Fonte: Edição